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O progressivo aumento da prevalência de doenças e de condições crônicas torna cada vez mais comuns as situações de perda de capacidade funcional, muitas vezes decorrentes da agudização de condições crônicas.
A falta de respostas adequadas em nosso país para situações dessa natureza leva a que muitos pacientes que obtêm alta hospitalar a ele retornem por recaídas e quadros de maior gravidade, muitas vezes com perdas funcionais permanentes.
Havendo conhecido em outros países experiências muito avançadas de organização da atenção a pessoas em condições crônicas, o CEALAG, em parceria com o Hospital Samaritano de São Paulo, no âmbito do Programa de Aprimoramento e Desenvolvimento do SUS (Proadi-SUS), apoiou o desenvolvimento de uma série de experiências orientadas à implantação de Unidades Cuidados Continuados Integrados (UCCI).
Realizado entre 2012 e 2017, o objetivo do projeto de CCI é a criação, no Brasil, de uma rede de serviços para a atenção a pacientes com perda da capacidade funcional passível de recuperação e que necessitam de cuidados em regime de internação por um período mais prolongado, visando a reabilitar e recuperar a funcionalidade física, mental e/ou social dos pacientes.
Em conjunto com as Secretarias de Estado da Saúde, o projeto foi desenvolvido e aplicado em cinco estados brasileiros: São Paulo (em Ipuã e Pedregulho, na Regional de Saúde de Franca, em 2013), Mato Grosso do Sul (na cidade de Campo Grande, em 2013), Paraná (na cidade de Rebouças, em 2014), Rio Grande do Sul (foi realizada capacitação na Regional de Saúde de Santa Maria, em 2017) e Minas Gerais (foi realizada capacitação na Regional de Saúde Metropolitana de Belo Horizonte, em 2017).
Os serviços prestados pelas Unidades de Cuidados são indicados a pacientes que se encontram estáveis do ponto de vista clínico, mas necessitam de cuidados mais intensos, sendo inviável sua recuperação em domicílio ou ambulatórios, ainda que seja da maior importância a participação dos familiares em todo o processo de reabilitação e cuidado do paciente.
Este tipo de cuidado em saúde pode ser assegurado por quatro modalidades de unidades de internamento, articuladas a hospitais que atendem pacientes com patologias agudas: Unidades de Convalescença; Unidades de Média Permanência; Unidades de Longa Permanência; Unidades de Cuidados Paliativos.
Todas as unidades implantadas contam com infraestrutura que permite acessibilidade às pessoas com dificuldades de locomoção. A adaptação arquitetônica e de infraestrutura das unidades proporcionam ambiente familiar, confortável e estimulante, facilitador da independência e autonomia do paciente e da participação dos familiares na sua recuperação. Foram construídas salas multiuso para as atividades de fisioterapia e terapia ocupacional, banheiros adaptados, espaços para o lazer e para as refeições comunitárias.
É de se ressaltar que todos os profissionais das Unidades foram capacitados, com o objetivo de desenvolver habilidades para o trabalho multidisciplinar, para articular os serviços da rede de saúde, aplicar instrumentos de apoio à gestão da clínica, definir as estratégias operacionais necessárias para o funcionamento das novas linhas de cuidados e para a importância do envolvimento do cuidador e familiar na reabilitação do paciente.
Foram implantadas Equipes de Gestão de Alta (EGA) nos principais hospitais referenciadores, com vistas a aumentar sua capacidade de identificar casos de pessoas que se beneficiarão das ações das UCCI e para aumentar a integração das equipes assistenciais, internamente e com as demais unidades assistenciais da rede de saúde e com as próprias unidades de CCI.
As unidades implantadas foram habilitadas e regulamentadas junto ao Ministério da Saúde e as experiências têm sido consideradas de grande sucesso na recuperação dos pacientes que a elas são encaminhados.