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TUBERCULOSE NO MUNICÍPIO DE GUARULHOS


Apontada como um dos principais problemas de saúde a ser enfrentada, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a tuberculose já atinge um terço da população mundial, tendo como principais fatores para esta situação a desigualdade social, os aglomerados populacionais, os movimentos migratórios, o envelhecimento da população e o aparecimento de bacilos resistentes aos fármacos conhecidos, além do vírus do HIV.

Estes fatores colocaram o Brasil entre os 30 países com maiores casos de tuberculose do mundo. Só no Estado de São Paulo, são notificados 20 mil casos da doença ao ano, contando com cerca de 800 óbitos tendo a tuberculose como causa básica. 

Em segundo lugar no Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS), que mede as situações de vulnerabilidade em que as pessoas estão submetidas, o Município de Guarulhos obtém os números mais preocupantes do estado Devido a grande desigualdade social que ocorre em alguns de sues distritos, em especial, nas regiões de Pimentas e Jurema onde 28,8% da população apresenta IPVS alta ou muito alta.

Como forma de entender melhor a relação entre a epidemia de TB e as desigualdades sociais entre estes distritos, em 20 de dezembro de 2005 o CEALAG em parceria com a Prefeitura de Guarulhos desenvolveu um inquérito com o objetivo de conhecer melhor as características demográficas e socioeconômicas dos pacientes com tuberculose, conhecendo assim, suas vulnerabilidades e identificando as possíveis causas do problema.

Inicialmente foram realizadas reuniões com a equipe que coordena o Programa de Controle da Tuberculose (PTC) de Guarulhos, onde foram discutidos os planos estratégicos. Em seguida, houve uma reunião na Regional IV de Guarulhos com as chefias e profissionais envolvidos no PCT- Guarulhos das unidades da região, onde o projeto foi apresentado. Passada a fase de reuniões, foi realizada uma capacitação para tuberculose voltada aos profissionais das unidades da Regional IV de Guarulhos, com duração de três dias.

 Posteriormente, foram estudados os pacientes que estavam em tratamento de tuberculose nas unidades de saúde dos distritos selecionados, no período de março a abril de 2016. Com estas informações, um estudo transversal descritivo foi realizado, através da aplicação de questionários. Em seguida foi elaborado um estudo qualitativo que teve como base, um estudo quantitativo inicial que dirigiu o roteiro utilizado. É importante ressaltar que para o seguimento do estudo, foram utilizadas informações do TBWEB (sistema de notificação de casos de tuberculose do estado de S. Paulo) para características clínico-laboratoriais, comorbidades e de encerramento dos casos.   

Ao todo 66 pacientes estavam em tratamento no período do estudo. Destes, 11 não foram encontrados, o que não comprometeu o resultado final. Com uma média de 34,9 anos de idade, 67,7% eram homens e um total de 65,5% se declararam negros ou pardos, porcentagem maior que na população de Guarulhos (45,1%) ou mesmo no total de pacientes com tuberculose do município (53,9%).

Outra informação relevante é que 90,9% dos pacientes demoram menos de 30 minutos para chegar às unidades de tratamento, sendo que 83,6% fazer todo o percurso a pé. Quase todos os entrevistados (96,4%) consideram o atendimento das unidades de saúde bom ou muito bom.

Em seguida, tendo como base o estudo quantitativo, as profas. Patrícia Martins Montanari e Maria Josefa Penon Rujula conduziram uma sessão de grupo focal com os profissionais de saúde envolvidos na atenção direta à tuberculose. Foi elaborado também um roteiro para o grupo focal com os pacientes,

A análise qualitativa mostrou que a maioria dos profissionais conheciam a TB e manifestaram muito interesse e satisfação pelo trabalho realizado; explicitaram  as dificuldades do tratamento pela sua duração longa e pelo persistente perfil sócio demográfico caracterizado pela pobreza, drogadição e alcoolismo e a decorrente exclusão social; falaram das estratégias para a manutenção dos pacientes, tais como os ACS irem até as casas para a administração da medicação ou convocar apoio da vizinhança envolvendo-a no tratamento e também da importância da rede e da intersetorialidade nesse cuidado.

Finalizado em 28 de setembro de 2016, o estudo foi considerado um sucesso, atingindo todos os resultados esperados. Este projeto contou com a coordenadoria da Prof.ª Maria Josefa Penon Rujula.

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